Lean Seis Sigma é atitude
Na década de 1950, devido à escassez do pós-guerra no Japão, nascia o Lean. Com a necessidade de se produzir mais com poucos recursos, teve as principais técnicas e metodologias de trabalho difundidas pela Toyota, conhecidas mundialmente como Toyota Production System (TPS).
Já o Seis Sigma apareceu um pouco depois, na década de 1980, com a Motorola. A empresa estava ficando para trás em relação aos concorrentes estrangeiros, que conseguiam vender produtos de melhor qualidade a custos inferiores. Então, por uma questão de sobrevivência, criou o Seis Sigma, aumentando a qualidade e o rendimento de seus processos. Mais tarde, a metodologia foi abraçada pela General Electric (GE). Posteriormente se viu a riqueza do uso combinado do Lean e do Seis Sigma.
Esse breve histórico é para entender que a cultura Lean Seis Sigma não é tão nova – apesar de muitas empresas terem conhecido há pouco tempo – e, além disso, nos mostra uma riqueza de ações em meio ao caos ainda reinante na gestão de muitas empresas.
Poucas empresas conseguem obter o sucesso obtido pela Toyota. Muitos questionam sobre a eficácia da metodologia, não têm constância de propósito e falham ao tentar implementar o programa Lean Seis Sigma. Outros também ficam apreensivos com os temidos conteúdos estatísticos ou como aplicarão as ferramentas para a prática.
Vale a reflexão: “será que a complexidade da metodologia está no fato de que não a incorporamos às nossas atitudes?” Muitas vezes criamos paradigmas ou pré-conceitos sobre determinadas situações e, ao olhar para elas, só vemos a dificuldade de tornar aquilo como algo nosso, pertencente ao nosso dia a dia, à nossa rotina.
Mais do que uma metodologia, consideramos o Lean Seis Sigma como “cultura”, pelo fato de ser uma mudança de mindset, uma quebra de paradigma, uma nova forma de vivenciar tudo o que acontece ao seu redor. Lean Seis Sigma trata de mudança de ATITUDE, onde você torna-se responsável pelo resultado que busca.
Um trecho do livro “Um novo jeito de trabalhar” traz uma visão interessante sobre a mudança de atitude, que é traduzida por “pensar como fundador”:
A construção de equipes e instituições excepcionais é iniciada pelos fundadores. Mas, para ser um fundador, você não precisa criar uma nova empresa. Qualquer um pode ser um fundador e criador da cultura da própria equipe, seja você o primeiro funcionário ou apenas mais um integrante de uma empresa existente há década (BOCK, 2015, p.33).
Com projetos que trazem visão sistêmica e autonomia para seus integrantes, o Lean Seis Sigma pode ser a base para se pensar como fundador. A metodologia trabalha muito além dos gráficos e planos de ação. Quando se pratica a cultura Lean Seis Sigma, são vivenciadas habilidades de negociação, proatividade, trabalho em equipe, visão estratégica, senso de urgência, decisões com base em dados e fatos e busca constante por resultados. Ou seja, atitude! Quando você pensa como dono, trabalha para atingir grandes resultados, para que torne seu local de trabalho mais produtivo, ou para trazer objetivos únicos em sua equipe.
Não importa se você é um trainee ou um executivo sênior: ser parte de um contexto em que você e as pessoas ao seu redor tenham condições de prosperar começa com a sua disposição de assumir a responsabilidade por esse contexto. Não importa se isso está ou não em sua descrição de cargo e se é ou não permitido pela organização (BOCK, 2015, p.34).
Já parou para pensar que a falta de atitude em relação à sua profissão, ao seu ambiente de trabalho, aos seus resultados, podem estar te deixando para trás em relação aos seus concorrentes?
Você percebe que não falo aqui de estatística, de formação, de ferramenta? Falo sobre mudança e ação. Assim como foi no passado, quando nasceu o Lean Seis Sigma, os japoneses tiveram que desafiar o status quo, pois as mudanças requeridas pela metodologia eram amplas e profundas.
Muitas vezes, deixamos os resultados ‘nas mãos’ de terceiros, de métricas de vaidade (aquelas que mostram belos números e nos deixam confortáveis, mas escondem a verdade) ou de metodologias mal disseminadas. Fazemos isso, não assumimos a responsabilidade, e ainda reclamamos que o resultado está aquém do que poderia e que “as pessoas” não colaboram. Ei, quando foi a última vez que você desafiou o status quo? Quando foi a última vez que você realmente buscou fazer algo extraordinário?
Um dia, a sua equipe terá uma narrativa da origem, um mito de fundação, assim como Roma, Oprah ou o Google. Reflita sobre como você quer que seja essa história, sobre o que quer que ela represente. Pense em que histórias as pessoas contarão sobre você, seu trabalho e sua equipe. Hoje você tem a oportunidade de se tornar o arquiteto dessa história, de escolher entre ser um fundador ou ser um empregado (BOCK, 2015, p.35).
É claro que a parte técnica existe nos projetos, mas ela sozinha não é determinante para o alcance de seus resultados. Você, seja líder ou equipe, com suas atitudes, é a peça chave para atingir aquela meta. Você é a peça chave para buscar aquela solução inovadora e para trazer mais criatividade no ambiente de trabalho.
Você pode começar utilizando o Lean Seis Sigma para mudar sua própria rotina e da sua equipe.
O Lean Seis Sigma traduz problemas de uma forma tão simples e verdadeira que, quando se der conta, você vai perceber que o dia a dia é muito mais produtivo utilizando este mapa.
Parece difícil? Parece, mas não é. Use o método em seu benefício e analise como mudar sua atitude.
Referências:
- Greef, A. C.; Freitas, M. C.; Romanel, F. B. (2012). Lean Office: operação, gerenciamento e tecnologias. São Paulo: Atlas.
- BOCK, Laszlo (2015). Um novo jeito de trabalhar. Tradução: Afonso Celso da Cunha. Rio de Janeiro: Sextante.
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